Imbé, cavalos crioulos e salsichas


A administração de Imbé optou pelo pior caminho para atrair turistas: liberar alvarás indiscriminadamente. Oferecer serviços e favorecer o comércio sem critério é um recurso comum dos prefeitos de nossas praias. Este modelo equivocado faz crescer um comércio pobre, sem inovação e auto-fágico, que faz os concorrentes devorarem-se uns aos outros. Na avenida principal de Tramandai, por exemplo, estão alocados quase 40 – carrinhos e 30 deles são de crepe no palito. Vejam o circulo fatal:
  • a prefeitura libera alvarás demais e sem critério;
  • o empreendedor investe suas economias num carrinho de cachorro-quente (vamos trabalhar curtindo a praia, nega véia!);
  • vários empreendedores têm a mesma idéia, então ninguém ganha dinheiro;
  • por causa da perversa concorrência, o empreendedor recorre a baixar seus custos para atrair a clientela.
  • para baixar os custos, o empreendedor compra matéria-prima de segunda categoria;
  • se comprar um cachorro-quente de segunda, o bom cliente não gosta e não volta;
  • volta apenas o cliente que não se importa em comprar um cachorro-quente de segunda;
  • a praia acaba atraindo apenas os turistas que não se incomodam em comprar um cachorro-quente de segunda;.
  • quem não se incomoda com um cachorro-quente de segunda, também agüenta o keke karaoque e faz xixi na frente da casa dos outros.
No final dessa espiral negativa, o empreendedor perde seu dinheiro, a prefeitura não arrecada, as instalações ficam abandonadas, o turista fica insatisfeito e vai embora ou se conforma com a precariedade. Então, você acaba entendendo porque existem os abigeatários miseráveis que matam um cavalo crioulo campeão para fazer salsicha. Essa salsicha sem condições de higiene, sem controle da Saúde, ou seja, matéria-prima de segunda categoria que tem o preço mais barato, vai parar lá no cachorro-quente de Imbé. Entende a espiral negativa?

3 comentários:

Gabriel Disconzi Barboza disse...

Sabe o que é pior de tudo? Fui a um bar com sinuca no minishopping de Tramandaí, ambiente excelente. Na hora de pagar, descobri que aquela tasca não aceita cartão.

Sabe o que é pior do que investir mal o dinheiro? É investir bem e ser burro.

Anônimo disse...

Fiquei sabendo do blog pelo "Jornal da Capital". Muito bom o artigo, vou repassar para o pessoal da Associação dos Moradores. Não fosse pelo trabalho deles, a coisa seria pior ainda.

Monika Naumann
http://matasnativas.wordpress.com/

Sandrix disse...

Perfeita interpretação do circulo vicioso que tem acontecido nas nossas praias... falos nossas porque Imbé não é não está só nessa, minha querida Torres está indo pelo mesmo caminho. No verão vi da minha casa milhares de fãs-de-cachorro-quente-de-segunda se encaminhando diariamente a praia, como se um tele entulho tivesse desovado eles ali... nada contra as pessoas, mas o municipio continua com a politica de atrair cada vez mais e mais gente, sem se dar conta que muvuca não da retorno além de deteriorar o meio ambiente - que e(ra) o diferencial de Torres.