A Prefeitura precisa das carroças

Os números acima mostram que:

· As carroças continuarão nas ruas de Porto Alegre porque o DMLU não tem capacidade operacional e logística para o recolhimento do lixo reciclável.
· O mercado paralelo é mais competitivo e o recolhimento do reciclável é rentável para os carroceiros e carrinheiros. Alguns ganham até R$ 300,00 por semana, mais do que o dobro de um trabalhador das cooperativas de reciclagem que opera nas unidades da Prefeitura.

Faturamento diário médio do lixo reciclável
Carroça/carrinheiro = 150 kg = R$ 30,00/dia (R$ 0,20/kg) Depósito particular* = 4.000 kg = R$ 1.400,00/dia (R$ 0,35/kg)

* O Jornal da Capital revelou na edição de março que essa média sobe em função dos volumes processados por grandes depósitos. Só uma grande central privada na Rua Voluntários da Pátria processa, diariamente, 250 toneladas de papel e derivados. Isso dá um faturamento de R$ 1.750.000,00 por mês.

A Prefeitura não precisaria da taxa de lixo

· Com ousadia e um bom plano de negócios, a Prefeitura poderia investir neste excelente mercado, dar emprego digno e deixar de nos cobrar a taxa do lixo. Ilusão! O Poder Público torna-se refém da situação e os políticos empurram com a barriga.
· Claro que não é fácil! Se os carroceiros pararem de trabalhar por uma semana, nos atolamos em três mil toneladas de lixo que vale dinheiro.
· Diante dessa realidade, todas as outras questões são conseqüências secundárias: o mau trato aos animais, a dignidade profissional, menores condutores, transtornos no trânsito, comprar carrinhos novos para os carroceiros...

Guarda-chuva a R$ 5,00

Comprei um guarda-chuva no Centro. Paguei cinco reais. Automático e tudo. Fiquei pensando: como pode um troço desses custar apenas cinco reais?! Olhe bem. As varetas se encaixam perfeitamente. O sistema de abertura desliza ao pressionarmos um botão. O guarda-chuva esconde nos detalhes uma tecnologia interessante. Pensei de novo: quanto ganha o fabricante para fazer um guarda-chuva desses de cinco reais? Apresento os meus cálculos, sem considerar taxas e impostos (que não são pagos mesmo!):

Ambulante: vende ao cliente por R$ 5,00
Atravessador: vende ao ambulante por R$ 4,00
Distribuidor: vende ao atravessador por R$ 3,00
Importador: vende ao distribuidor por R$ 2,00
Fábrica na China: vende ao importador por R$ 1,00

Aparentemente, é um negócio ruim para todos. Mas, não. A China detém 98% da produção mundial de guarda-chuvas e vende 7 bilhões de unidades ao mundo a cada ano. Faça sua conta.

Guarda-chuva e Sergipe

Existem duas questões existenciais profundas sobre guarda-chuvas e o Sergipe:

Todos perdem seus guarda-chuvas. Mas ninguém acha um guarda-chuva. Você já achou um guarda-chuva, assim novinho, esquecido em algum lugar? Pois é isso que nos leva a crer num mundo dimensional paralelo, um triângulo das Bermudas para onde vão todos os guarda-chuvas.

Você conhece o Sergipe? Lembra assim de cabeça onde fica no mapa? Tem algum amigo de Sergipe? Sergipe tem mar? Conhece uma praia de Sergipe? Sabe me dizer algum time de Sergipe? Sergipe realmente existe?

Ouvir com o coração

Li uma história muito legal no livro Blink, de Malcolm Gladwell. Em 1980, a trombonista Abbie Conant candidatou-se para tocar na orquestra filarmônica de Munique. Eram 33 candidatos. Como o filho de um membro da orquestra também estava concorrendo à vaga, os jurados colocaram uma tela de tecido para não enxergar o candidato, mas apenas ouvi-lo. Conant foi a 16ª a tocar. Ela falhou numa nota e achou que não ganharia. Mesmo assim, o comitê ficou estarrecido. Dizem que o artista bom se ouve apenas num compasso. "Este é o artista que precisamos", gritou Sergiu Celibidache, maestro dominador e tradicional, mandando os próximos 17 candidatos embora sem sequer ouvi-los.

No entanto, ao ver que Abbie era uma mulher (o nome havia os confundido), o maestro voltou atrás. “Uma mulher não pode tocar trombone.” Fizeram duas novas audições usando a cobertura da tela de pano. E Conant também venceu nas duas vezes seguintes. E, assim, foi contratada à contragosto. Mas, resistiu na orquestra apenas por um ano. "Precisamos de um homem", insistiu o maestro. Conant foi aos tribunais, onde o maestro argumentou: "ela não possui força física para tocar trombone".

Mas, testes com aparelhos equipararam Conant a atletas. Peritos convocados a elogiaram efusivamente. Depois de oito anos lutando na Justiça, Conant foi reintegrada como primeiro trombonista. E ela precisou ainda mais cinco anos nos tribunais, pois a orquestra se recusava a pagá-la o mesmo que aos homens.

Abbie Conant só ganhou a causa devido a tela de pano. Nestes 30 anos, com audições regradas e com telas (para livrar músicos dos "preferidos dos maestros poderosos”), quintuplicou o número de mulheres em orquestras. E TODOS os ganhadores de audições com tela foram mulheres. A tela de pano possibilitou o uso da intuição, por isso, o comitê viu o que Conant realmente era. E a única maneira real de ouvir é com seus ouvidos e o coração. Legal, né?

Prisões domiciliares

Vai acontecendo aos poucos e a gente vai se acostumando ao feio, ao degenerado. Aplica-se à paisagem urbana uma camada de feiúra expressa. Vamos nos acostumando com pixações esdrúxulas - que algum idiota considera arte -, com a grama alta nas praças, com a bosta de cavalo e de cachorro nas ruas, com as árvores decepadas para não encostar nos fios de luz e com casas gradeadas como prisões.

E então, surge um elemento para piorar: o arame farpado. Falo daquele arame profissional, das prisões americanas, coisa de campo de batalha. Vai olhar de perto. O arame é intercalado por filetes afiados, parecendo giletes. Mete medo mesmo. Pois, já é comum encontrar moradias e prédios comerciais apelando para este tipo de arame farpado. O arame farpado é o fim da picada!

O tamanho do carrinho do super

O Zaffari está diminuindo o tamanho de seus carrinhos de compras. Não é de agora que as pessoas estão fazendo compras mais restritas, com menos quantidade. A economia estável acabou com a neura dos ranchos mensais. O fato é que os corredores do super estão abarrotados de mercadorias e isso dificulta a circulação do pessoal com os carrinhos maiores. Experimente ficar observando os clientes se estapeando para pegar um carrinho menor, aqueles de dois andares. É muito divertido!

Maradona ou Biro-Biro?



Uma baita idéia a nova campanha da Coca-Cola. “Quem é melhor: Maradona ou Biro-Biro?” Pensei: será que a campanha na Argentina tem uma versão oposta, com o Pelé contra algum perna de pau dos gringos? Nã. Nã. Nã. Eu conferi no site do refri na Argentina. Ou o Pelé não aceitou virar chacota em out door na Recoleta, ou o Maradona – que ri de si próprio - se vendeu sem a contra-partida hermana.