Quando o Roger ajoelhou...


O jogador Roger do (meu) Grêmio é mesmo um sujeito inteligente. Conferi isso de perto no lastimável jogo de despedida semestral no Olímpico. Alheio ao passeio do adversário, como num conto do Sergio Santana*, eu fiquei analisando os movimentos do loirinho. Aqueles atletas que querem aprimorar seu relacionamento falacioso com a torcida para se preservar no time não precisam arrumar namoradas tão bonitas, mas devem rever em vídeo os jogos do Roger, em especial este com contra o Atlético de Goiás:

> Heróico, Roger entrou em campo falseando dor no pé;
> Aos cinco minutos, cavou e fez o juiz dar um pênalti inexistente;
> Cobrou o pênalti no meio do gol e saiu para a torcida agarrando o distintivo;
> No intervalo, disse ao repórter que agüentaria apesar da dor no pé;
> Jogou-se - em vão - em jogadas visivelmente perdidas, mostrando entrega;
> Passou o jogo inteiro simulando faltas com cara de dor intensa;
> Ao final, cabisbaixo por ver o jogo encaminhar-se para decisão nos pênaltis, foi comovente: chamou os demais e ajoelhou-se no centro do gramado, rezando.

O estilo de Roger é resultado decantado de muitos anos de malandragem no futebol brasileiro e nos causa dois sentimentos paradoxais. O primeiro, na definição de “craque” e “catimbeiro”, cuja resolução é simplificada: se é do meu time é “craque”, se joga no adversário, é “catimbeiro”. O segundo paradoxo poderemos ouvir do dirigente do Clube: “ele catimba, mas resolve”.

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