Neste sábado, 20 de setembro, os sul-riograndenses comemoram a data máxima para todos os gaúchos: o início da Revolução Farroupilha, também chamada de Guerra dos Farrapos, a mais longa revolta brasileira, que durou dez anos (1835 a 1845).
O Rio Grande do Sul tinha uma economia baseada na criação de gado e vivia, sobretudo, da produção do charque (carne seca). O charque era vendido nas diversas províncias brasileiras (São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e na região nordeste), pois era muito utilizado na alimentação dos escravos.
Os produtores gaúchos, donos de imensas estâncias (fazendas de gado), reclamavam duramente do governo do império contra a concorrência que sofriam do Uruguai e da Argentina, países que também produziam e vendiam charque para as províncias brasileiras. Como os impostos de importação eram baixos, os produtos importados pelo Uruguai e Argentina chegaram a custar menos que a carne do Rio Grande do Sul. A concorrência estava arruinando a economia gaúcha.
Os estancieiros gaúchos queriam que o governo do império protegesse a pecuária do Rio Grande e dificultasse a entrada do charque argentino e uruguaio no Brasil. Eles também brigavam com o governo do império por uma maior liberdade administrativa para o Rio Grande do Sul.
Entre os principais líderes dos farroupilhas destacaram-se Bento Gonçalves, Davi Canabarro e José Garibaldi.
Em 1835, Bento Gonçalves comandou as tropas farroupilhas que dominaram Porto Alegre, capital da província. O governo do império reagiu energicamente, mas não teve forças suficientes para derrubar os farroupilhas. A rebelião expandiu-se e, em 1836, fundou a República Rio Grandense, também chamada República de Piratini.
A revolução Farroupilha só foi contida a partir de 1842, por meio da ação militar de Duque de Caxias. Além da ação militar, Duque de Caxias procurou entrar em acordo com os líderes farroupilhas. O acordo de paz assegurava vantagens básicas exigidas pelos fazendeiros gaúchos. O direito de propriedade era garantido. Os revoltosos não seriam punidos e receberiam a anistia (perdão) do império. Além disso, os soldados e oficiais do exército farroupilha seriam incorporados ao exército imperial, ocupando postos militares equivalentes. Os escravos fugitivos que lutavam ao lado dos farroupilhas teriam o direito a liberdade. Esta medida, entretanto, beneficiou pouco mais que uma centena de negros (a maioria tinha morrido durante as lutas).
No final, o Rio Grande do Sul acabou perdendo a guerra, contudo, os ideais de liberdade continuam no imaginário do gaúcho até hoje.
É isso aí. Por isso, nós, gaúchos somos tão orgulhosos de nosso Estado e até sabemos de cor o hino feito para a Revolução:
Como aurora precursora / Do farol da divindade / Foi o vinte de setembro / O precursor da liberdade / Refrão Mostremos valor constância / Nesta ímpia injusta guerra / Sirvam nossas façanhas / De modelo a toda terra / De modelo a toda terra / Sirvam nossas façanhas / De modelo a toda terra / Mas não basta pra ser livre / Ser forte, aguerrido e bravo / Povo que não tem virtude / Acaba por ser escravo
2 comentários:
Pois é... Triste movimento que se apóia numa guerra perdida e que tem por orgulho um movimento de ricos estancieiros, em defesa de interesses próprios, que arregimentaram gaúchos nômades (muitos deles, vivendo uma vida à margem da legalidade, vivendo principalmente do roubo de gado), com promessas de pagamento, e negros escravos, com promessas de alforria. Pior ainda lembrar o episódio da Batalha dos Porongos, quando os lanceiros negros foram entregues pelo bravo Canabarro para um massacre.
Conheces a história de Sepé Tiaraju? Era um índio louco que quando soube do Tratado de Madrid foi correndo em direção ao general português gritando: "Esta terra tem dono!"
Morto em uma emboscada, este foi o primeiro herói do RS. Mártir e maior representante do que é ser gaúcho, agiu sem nenhum interesse econômico.
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